quarta-feira, 30 de agosto de 2017

CAMILO &M VIANA
[1857: “velha” como “nova” (39)]


Ora aqui tem, paciente leitor, a carta integral anunciada no “post” anterior. Os seus compiladores atribuem-lhe a data de 5 de janeiro de 1857. A ser assim, Camilo escreveu duas cartas a José Barbosa e Silva (JBS) em dois dias consecutivos. A carta precedente, Xavier Barbosa datou-a de 4, como (se) leu, datação possível que Alexandre Cabral não contesta, embora não tenha visto o autógrafo, porque entretanto foi destruído.
A missiva de hoje é, de facto, (mais) um documento epistolar importante, revelador do estado psicológico de Camilo (incluindo a nível afetivo, censurado pelo sobrinho de JBS), em princípios de 1857. E também a nível profissional, em particular, que é neste “velha” como “nova” que mais nos interessa, das renovadas relações do Escritor com o Aurora do Lima.
JBS deve ter apresentado ao amigo do Porto novo convite e nova proposta para que assumisse a direção do jornal, com uma remuneração que, subentende-se, seria irrecusável. O «quartinho», a que Camilo se refere na carta, diz respeito «ao pagamento em dinheiro de colaborações e correspondência a 1$200 réis.» [CABRAL, 1984 (I): 138]
Recorde-se que, em princípios de setembro de 1856, Camilo teve acordado com JBS a sua vinda para Viana, a fim de dirigir e redigir o Aurora. Só que… [(Re)ver “post” e seguintes.]
Eis, assim, a referência

22.ª)
MEU CARO BARBOSA

Agradeço as tuas consolações por que são ellas de q[ue]m precisa ser consolado. Dous infelizes (parece um paradoxo) são os que podem e sabem melhor consolar-se. E’ verdade: eu creio que o meu desalento poderia cobrar forças, se me dessem um horisonte mais largo. Aqui morre-se sem gloria, curtindo dores inconsolaveis, insultados, injuriados todos os dias.
Este eterno Fausto, meu caro Barbosa! Que tremendas solidões as da alma que ergueu em bronze eterno a estatua onde se devem rever todos os desgraçados! Eu tenho inscripto o Goethe no cathalogo dos meus santos.
[Olha: há meses, 2 ou 3, houve uma bela mulher que me chegou à alma. Cuidei que ressurgia! Amei-a tanto, sonhei-a, adorei-a, consubstanciei-a comigo, tracei um caminho de flores no meu porvir com ela. E vai depois, prendo-lhe os olhos e o coração, reconheço-a ferida do mesmo golpe, e instantaneamente vem a desanimação, o gelo, o estado normal! Sabes como se fica depois destas vibrações galvânicas? Se sabes… E era tão linda, tão cheia de sentimentos grandes! Gosto tanto de ler ainda hoje as cartas dela, onde transluz fé, e inocência! Fé em mim!
Bela transição:]
Poderei eu desempenhar o que tu queres? Saberei escrever industria, commercio, e não sei que outras idealidades Osseanicas? Veremos, trabalharei, lerei, p[o]r q[ue] em fim, la torna o Chatterton – é preciso escrever .
O quartinho é bastante, é até de mais, atendendo ao pouco cabedal de estudo que tenho gasto na especialidade. Vou comprar alguns livros, e farei o que fazem as illustrações financeiras e economicas. Ora diz-me: os folhetins «Scenas da Foz» tamb{e]m entram no numero dos escriptos comtemplados? Como fallas em folhetins… Eu tenho trabalhado m[ui]to pouco; tem sido causa a m[inh]a doença utroque júris. O Clamor queixa-se, clama, e não é mais feliz que S. João Bapt[is]ta. Sinto-me em certos dias besta, prodigiosamente burro! Que fazer então? tomo pilulas opiadas, durmo, e desperto com uma dor de estomago, mas como corte de 12 horas na vida!
Deve-se ser bem infeliz quando assim se incurta o pequeno prazo d’ella.
Vou principiar a olhar com mais cuidado p[a]ra a Aurora.
Se eu fosse a Lisboa, como já me lembrou, no mês q[ue] vem, p[a]ra, segundo indicação do A[lexandre] Herculano, negociar ali um editor certo d’algum livro – podia de la mandar-te importantes correspondencias. Veremos. Ainda que vá, não me apeies da tribuna da Aurora. Isto p[o]r ora é projecto, que não terá melhor realização q[ue] os outros.

Teu agradecido am[ig]o
(Porto, 5 de Janeiro de 1857.)
C[amillo] Cast[ello] Branco.

{BARBOSA, [1919]: 27-29 e CABRAL, 1984 (I): 135-136.
Respeitadas grafias das edições consultadas. Na transcrição, desenvolvi formas abreviadas.
O terceiro parágrafo encontra-se apenas em Cabral, 1984 (I).}

Dada a extensão desta carta, comentários, julgados, a meu ler, pertinentes, serão apresentados no próximo “post”. A fim de não sobrecarregar este.

Até ao próximo, então!
E continue a (re)ler Camilo! Por exemplo: Cenas Inocentes da Comédia Humana (1863). Nomeadamente, a novela «A Carteira de um Suicida».

Referências:
BARBOSA, Luís Xavier, [1919]: Cem Cartas de Camillo. Lisboa: Portugal-Brasil Limitada, Sociedade Editora.
BRANCO, Camilo Castelo, 19725: Cenas Inocentes da Comédia Humana. Lisboa: Parceria A. M. Pereira.
-------------, 19725: «A Carteira de um Suicida». Em BRANCO, 19725: 143-174. Também em José Viale MOUTINHO (org.), 2016: Camiliana 2 – Todos os Contos, Novelas Curtas e Romances Breves de Camilo Castelo Branco. S/l: Círculo de Leitores; pp. 473-488.
CABRAL, Alexandre Cabral, 1984: Correspondência de Camilo Castelo Branco com os Irmãos Barbosa e Silva – I. (Escolha, prefácio e comentários de). Lisboa: Horizonte.

1 comentário:

  1. E putugal que do que? E o mesma merda e pior povo no mundo! E verdade e verdade amigos! Ler meu blog pa mais informaciao, obrigado amigos meus (L)(L)(L)

    Abaixo o merda do putugal, o PIOR merda no mundo! Até os macacos não respeitam putugal. Putugal o nova provincia Espanhola proximamente :)

    Ahhhh putugal, putugal, putugal! Sempre, sempre, sempre chorando e chorando e chorando e chorando por tudo, sempre! Tudo mundo sabe que putugal e o pior merda no mundo, tudos! E mais na palavra “luso’ e uma invencao! Tudo nossa historia e fenotipo e Cigano e Arabe. Nao somos lusos. E mais, e melhor que tudo putugal sei uma provincia do Espanha e pronto! E nao trabalhos, sempre ficar nas sopas dos pobres tudos dias. Putugal e em estado do merda e nao fix. E verdade e verdade amigos. Esperamos que um tipo de mudança positiva aconteça em Putugal, pois mais de 50% da população, por necessidade, tem que ir às sopas dos pobres para comer. E também, uma melhora no crescimento dos empregos, já que eles estão no país. Por esta razão, muitas pessoas já vão para suas ex-colônias para buscar uma vida melhor e não retornam. Putugal está realmente atolado na merda e ninguém quer fazer nada sobre o assunto. Eles preferem viver em mentiras, o que é isso?

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